terça-feira, 21 de julho de 2015

Menino













No território sagrado da infância
Que fica aqui, dentro de mim
Eu vejo um menino me olhando de canto de zóio

Pois digo-lhe:
Fica tranquilo.
Estou tratando de brincar muito e vou brincar ainda mais!

Posso ao menos agradecer por manifestar sempre teu riso e teus sonhos sobre mim?

Christian Felix

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Febril














Senhorita vida,
Eis minha súplica:

...!!!

Eu imploro que penetre em meus poros
Traga-me força
Desentupa o canal das minhas lágrimas
E mesmo nessa tempestade onde minhas asas pesam,
Que eu possa alçar voo

Não me deixe aqui
Nesse lugar onde os lobos fogem de medo
Onde meu coração bate fraquinho
E me faz sentir dor

Carrega-me no colo...
Prometo relaxar em teus braços
Esperar o momento da colheita
E dessa vez,
Apenas receber.

Ah de ser agora não é?
Não irá me deixar desfalecer, não é mesmo?
Ainda há muito para eu brincar de colorir, certo?


Christian Felix






domingo, 10 de maio de 2015

Anjo celestial














Quando a existência canaliza suas cores num só ponto estelar,
Brota do cerne da vida a essência do amor,
Um botão de rosas, cuja asa é solar,
E um dom divinamente puro de gerar em si, fulgor.

És beleza nua,
Tão exata e crua,
Como a deusa lua.

Ventre doce, divinal,
Tão sagrado, maternal,
Claramente angelical.

Sua cria é musical
Sua alma sem idade
O teu sonho, visceral
Luz e generosidade.

És início,
A sabedoria e o fim,
E o clarão do meio.

A razão da vida continuar florescendo,
Nascendo e morrendo,
Transcendendo,
No aqui e agora,
Como a fauna e a flora,
Que sublima e se inclina,
Para a eterna sonoridade,
Da santa felicidade.

Christian Felix

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Festa














Nesse momento em que o relógio aponta meia-noite, o sol descansa...
Prepara em seus sonhos as sinfonias mais encantadoras existentes dentro das estrelas,
Rega as cavidades de medo e insegurança com poesia,
Apalpa com seus raios os lindos cabelos das flores,
Desenha sobre as nuvens o sorriso que aprendeu com o arco-íris,
Dança todo feliz,
Como quem se prepara para uma grande festa.

Ele sabe que,
Ao trazer o amanhecer,
Deve também pedir para que a natureza toque suas trombetas,
Avisando a todos que um dia especial chegou.

Exatamente um ano atrás,
Esse fenômeno aconteceu e foi a maior alegria:
Elefantes começaram empinar pipas,
Os camaleões viraram vagalumes,
E os peixes, dançarinos de valsa.

As araras ganharam filhos das tartarugas,
Os leões não levantaram o bumbum do chão,
E as cabritas rezaram como um louva-deus.

Toda essa maluca alegria se instaurou,
E tudo por causa do aniversário da dona borboleta.

A senhorita noite também quis participar. Trouxe logo seu maior presente:
A lua!

E vieram morcegos-cachorros,
Gatos-abelhas,
E baratas.
Só que essas não puderam participar da festa.

Quando a borboleta pôs-se a dormir,
Um passarinho tocador de violas preparou sua caminha,
Trouxe-lhe um café feito com muito mimo,
E ali fizeram seu ninho de amor. 

Dentro de si,
O querido sol já sabe que dessa vez, a festança será ainda maior.
Mais bonita,
Colorida,
Afinal,
Embora tudo isso já tenha acontecido antes mesmo dela saber,
O agora se revela clarividente;
Puro, carinhoso,
Gentil,
Sensível e real.

E claro,
Quem mais ganha com toda essa celebração
Não é a borboleta e sim o danado do passarinho,
Que vida após vida,
É predestinado a carregar em seus braços-asas,
A beleza dessa linda deusa das cores.

Se é um aniversário,
Não deveria ele dar presentes a ela, ao invés de ganhar?


                                                                                                            Christian Felix

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Reticências














Um ponto.
Eu sempre fui um ponto.
Um ponto diferente dos outros pontos.

Eu caminhava
Mas sempre parava aqui e acolá.
Às vezes na curva,
Às vezes em linha reta,
Mas sempre sendo o mesmo ponto.

Um belo dia
Dona cigarra chegou bem perto e cantou: 
"Para ver as coisas pelo avesso e nunca deixar de caminhar, é preciso encontrar um ponto solar."
Eu ri.

Guardei suas palavras em meu coração
E a frase que mais ecoava em mim era assim:
“Esse ponto precisa ter dom de ler alma."

Um tempo depois,
Estava eu, na reta de uma curva
Ou na curva de uma reta
Não me lembro muito bem
Avistei o ponto do canto da cigarra
E esse ponto se grudou em mim.

Desse dia em diante
Nunca mais fui um ponto
Muito menos dois
Éramos três:
Dois pontos e o que nascia dessa junção.

Quem nos via de longe, enxergava assim:
...


Acho que a cigarra tinha razão.

                                                                           Christian Felix

terça-feira, 14 de abril de 2015

Em algum lugar











Corpo suspenso em algum lugar
Sinfonias dissonantes
Pupilas do peito dilatadas

Intervenções emotivas
Lágrimas enclausuradas
Sentidos embaraçados

Coração pulsante
Suspiros acanhados
Solitária voz

O mundo interno parece estar complicando a real interpretação do externo,
Ou talvez esteja acontecendo o contrário

Os sonhos decidiram que ainda é cedo,
Mas também tempo demais para deixar de sonhar

Rego minha flor
Lanço-a ao vento
Emano um sorriso ao céu
E durmo doído e louco
Em algum lugar que eu esteja

                                          Christian Felix

segunda-feira, 30 de março de 2015

Valentia











Pois bem...
Eu sinto, nesse agora,
A imensidão do universo jorrando seu olhar sobre mim
E são olhos que carregam as mãos estendidas, cuja intenção é me puxar para cima
Elevar-me para onde meu imenso coração deseja voar

É dolorido quando a alma percebe que vive num corpo
E que a mente não reproduz a verdadeira imagem
Nem descreve em palavras
Aquilo que realmente somos em essência

Peço a intercessão do cosmos
Da sublime atmosfera onde repousa o amor
Da divindade, do misterioso deus da música

Que a simbiose entre eu e a sinfonia do sol nunca silencie
E se algum dia for necessário tal silêncio
Que ele seja canção para a matéria que habita em meu espírito
Para meu corpo
Minha estrutura tangível e palpável

Que essa carne terrestre nunca pereça em vida
Muito menos se sucumba

Que seja profunda a minha passagem por aqui
E que minha real existência seja meu guia eterno

Peço-lhe, com poesia e valentia:
Crava tua onipotência em todas minhas partículas humanas
E transcenda tudo aquilo que hoje, faz parte de mim

Balbucie encantamentos
Borbulhe sonetos
Beije meus sentimentos

Por favor
Por amor

Christian Felix

domingo, 8 de março de 2015

Olhos de girassol



Uma menina cujo olhos apontam para  a beleza das pequenas coisas,
Observa o movimento dos gatos
A leveza que eles transmitem
E sorri feito criança enquanto brinca de viver

Percebe o movimento das árvores
A dança que elas exalam
O quanto acenam para as pessoas com suas folhas-mãos sagradas

Deleita-se com as nuances do luar
E coloca seus sonhos dentro de bolhas invisíveis de sabão

Sopra suas cores para o horizonte
E transpira espiritualidade no amor

Contempla o sono do bebê gerado em seu ventre
Tem certeza que é a visão mais linda do mundo
E se ilumina simplesmente pela gratidão em ter recebido esse dom celestial

Uma menina cujo olhos apontam para a beleza das pequenas coisas,
E através delas maravilha-se com os mistérios do universo

Uma menina cujo olhos vivem dentro de uma mulher
Uma mulher cujo olhos vivem dentro de uma menina

Uma deusa na terra
Uma borboleta menina viva dentro de uma mulher
Um olhar cujo seu brilho é chama eterna
Uma poesia viva em forma de canção

Uma menina cujo olhos apontam para a beleza das pequenas coisas...
E eu,
Que apareci apenas agora em primeira pessoa nessa poesia
Observo,
Percebo,
Deleito-me
Contemplo o coração e a beleza das pequenas coisas que vivem dentro do olhar dessa menina-mulher

E nesse contemplar,
Minha singela gratidão,
Por tê-la tão assim,
Estranha como eu
Em minha vida

Sabia que esses olhos,
Acenderam com asas e cores
Todos os sonhos que haviam adormecido em mim?

(...)

Eu te amo
Meu sol,
Meu girassol
Meu amor

Christian Felix

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Gargalhada
















Você não sabe
Mas nesse agora
Sinto uma paz tão grande
E é por acreditar
Que nós
Atravessaremos
Juntos
Por todos os cantos dessa vida
De mãos dadas
Plenos
Com um largo sorriso nos olhos
E eternas lágrimas em forma de canção

...

Te amo tanto,
Minha metade,
Meu par de asas,
Meu amanhecer,
Meu amor...


Consegue ouvir a gargalhada que essa chuva dá, ao nos ver assim, tão felizes?

Christian Felix

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Incapacidade sagrada














Há uma energia tão sublime e eterna que dança sobre meus sentidos, que chego entrar em colapso sonoro...
Espasmos governam meu corpo
E minha consciência deixa de ser refém dos meus pensamentos
Deixa de criar ilusões
Deixa de ferir meu sorridente coração
E eu desapareço

Eu apareço num lugar
Mas não sei descrevê-lo porque minha capacidade humana não me permite decifrar esses códigos sensoriais
E a única certeza que sempre tenho
É que esse lugar existe
 Pois minhas vísceras espirituais
Sentem
E se irradiam

Minha lucidez me chama de louco
Mas os meus olhos,
Meu riso,
Meus sonhos,
Não concordam

Dizem que estou num nível acima da loucura
E que é por isso que eu choro ao ver uma nuvem no céu
E um céu na nuvem
E um oceano no sol

E no sol, um afago!
E no afago;
Uma luz!
Um pedacinho daquilo que é meu,
Da natureza,
Do éter,
Da misteriosidade do universo,
Do gozo intangível das almas,
Da essência das cores,
E do amor

Christian Felix









terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tufão
















Óh vida que rasga em mim tudo o que é físico
Que penetra meus ossos espirituais
Que firmemente segura e sacraliza minhas asas

Sussurra tua amabilidade em meus chakras
Conecta-me aos teus ornamentos
Diviniza-me e lança-me do pico mais alto do universo

E com teu riso infinito
Permita-me voar
Mais uma vez

Christian Felix