sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sorvete de alma



Neste cubículo escuro quase morte,
Transporto-me com muita dificuldade para o fantasioso mundo das crianças...
Minha nuvem torna-se algodão-doce,
Posso levitar de ponta cabeça,
E fazer da brincadeira meu principal alimento

Posso conversar com os animais,
Enxergar a face risonha das árvores,
Ver o movimento do vento,
Ouvir o som que se cala,
Sentir todos os mundos existentes em cada ser

Ás vezes, quando estou aí, me sinto sozinho...
Aqui não,
Aqui é tão cremoso quanto sorvete de alma
E eu tenho sempre alguém que me deixa experimentar outros sabores
Sempre é toda hora, e toda hora é hora alguma

Aqui, é onde eu esqueço de existir
Eu existo e esqueço que há algo aí
Eu olho pra aí e imagino que só alguém muito estranho, cinza e adulto deve gostar de viver aí
Só pode ser isso...

É isso!
O adulto é estranho porque ele é cinza!
E se a gente resolvesse pintá-lo?
De que cor ele seria?
E se eu colasse o arco-íris em seu corpo?
Quantas vezes ele suplicaria para brincar comigo?

                                                                        Christian Felix