quinta-feira, 16 de abril de 2015

Reticências














Um ponto.
Eu sempre fui um ponto.
Um ponto diferente dos outros pontos.

Eu caminhava
Mas sempre parava aqui e acolá.
Às vezes na curva,
Às vezes em linha reta,
Mas sempre sendo o mesmo ponto.

Um belo dia
Dona cigarra chegou bem perto e cantou: 
"Para ver as coisas pelo avesso e nunca deixar de caminhar, é preciso encontrar um ponto solar."
Eu ri.

Guardei suas palavras em meu coração
E a frase que mais ecoava em mim era assim:
“Esse ponto precisa ter dom de ler alma."

Um tempo depois,
Estava eu, na reta de uma curva
Ou na curva de uma reta
Não me lembro muito bem
Avistei o ponto do canto da cigarra
E esse ponto se grudou em mim.

Desse dia em diante
Nunca mais fui um ponto
Muito menos dois
Éramos três:
Dois pontos e o que nascia dessa junção.

Quem nos via de longe, enxergava assim:
...


Acho que a cigarra tinha razão.

                                                                           Christian Felix

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