sábado, 20 de dezembro de 2014

Amanhecer
















Amanhece
E não sei se lá fora
O dia está radiante ou nublado
Sei que aqui dentro
Dentro de mim
O sol repousa e sacode todas minhas vísceras
Toca o meu coração menino
Brinca de ser árvore, pássaro, nuvem
Rega minhas feridas inconscientes
Fere minha moral
Habita nas superfícies mais delicadas
Recebe-me do jeito que sou

E o tempo que finda todos os dias
Não consegue participar desse feito:
Ele apenas observa
E assistindo cada movimento
Não consegue entender
Como é que pude escapar
De suas mãos tão exatas e tão cheias de porquês
Tão cheias de razão
Tão carregadas de mistério e ilusão

Amanhece
E o sol dentro de mim
Não desmistifica meu oceano interno
Tão pouco traz significados
Simplesmente venda meus olhos
E permite que eu caminhe seguindo meu próprio coração

Aqui
Dentro de mim
Enxergo o vento como irmão
Ouço sua canção
E percebo que nasci para ser pétala
Para voar na contra-mão das coisas
Sorrir quando não houver piada alguma
Cantar no eco do silêncio
Viver como um bobo colorido
Pintar o véu do céu da cor do abraço
Correr e saltitar sobre o ninho poético e brincante que há em toda existência

Amanhece
E dentro de mim
Numa fração sem segundo
Descubro que eu também sou sol dentro deste próprio sol
E que tudo o que sou, somos!

Amanhece
Amanhecemos
Amanheceremos

Christian Felix

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